Link: Bem-vindo (Nyah!)
Diziam que seu coração era feito de gelo, incapaz de receber e oferecer qualquer tipo de amor.
Falavam as más línguas que se aproximar dele era arranjar problema ou simplesmente, falar sozinho. Afinal, ele não se importava com ninguém, a não ser com seu único e simples objetivo: encontrar um oponente a altura.
Aparentemente, ninguém mais se preocupava com ele. Todos avisaram, ele não ouviu. Aos poucos, a distância foi aumentando, e ele percebera. Porém, nada fizera para mudar tal situação. Fazia tempo que Aomine não sabia o que era sentir afeição por alguém, e muito menos receber carinho por alguém.
Ele não ligava. Insistia em enfiar isso em sua cabeça. Sem sucesso algum. Por mais que se distraísse com o basquete, por mais que tentasse afastar as lembranças antigas... Não conseguia.
Elas persistiam fortemente.
Lembrava-se do Tetsu ao olhar para um simples picolé, do Murasakibara ao ver doces, do Midorima ao observar horóscopos, do Akashi quando via um jogo de inteligência e claro, do Kise, com suas fotos estampadas revistas afora. Seu time se encontrava nas coisas do cotidiano, que ele acabara aderindo graças a eles, ainda que sem perceber.
E ele sentia uma tremenda falta deles, embora tudo estivesse diferente agora...
Jogou o palito de picolé no lixo e continuou a andar, cabisbaixo. Estava cansado de olhar ao redor e ver nada, ninguém. Cansado de parecer viver num mundo distante e só dele. Então, simplesmente decidiu que ignoraria, como sempre fingiu fazer.
Só que, desta vez, seus olhos não alcançaram o que estava a sua frente e antes que pudesse desviar, esbarrou numa pessoa que conhecia muito bem. Mais memórias vieram à tona. Dolorosas.
Não se orgulhava do que fizera com seu ex-companheiro de time, mas também acreditava que era o melhor para ele. Somente daquela forma Kise melhoraria suas habilidades. Aomine sabia que tinha sido estúpido no dia em que jogaram para valer, um contra o outro. Mesmo que soubesse, era o jeito dele.
Seu corpo todo mergulhava em adrenalina durante um jogo de basquete e ao encontrar, possivelmente, um adversário capaz de chegar a seu nível, empolgou-se por completo.
– Aominecchi - Dissera um Kise com voz preocupada.
– Saia - Mais uma vez, optaria por ser estúpido. Ergueu um dos braços e afastou o amigo a sua frente com força, apressando o passo e atravessando o caminho que acabara de abrir.
Achou que havia se livrado do loiro.
– Aominecchi! - Gritou, a voz mais próxima. O que o moreno temia aconteceu: Kise estava indo atrás dele.
Sabia que se corresse, continuaria com o rapaz atrás dele, resolvendo parar abruptamente, seguido do loiro, que apoiou uma de suas mãos sobre o ombro dele.
– Você está bem? - Vagarosamente, retirou as mãos de Kise de cima dele e se virou, lançando o mesmo olhar de desprezo no jogo em que o time Kaijo perdera. Pode sentir hesitação por parte do modelo, mas ele continuou ali, com um olhar compreensivo e decisivo.
O que ele tinha na cabeça? Pensou Aomine.
– Não se humilhe desse jeito, Ryouta Kise. Não chegará a lugar algum dessa maneira - O loiro sorriu.
– E você? Está chegando a algum lugar? - Aomine rapidamente virou a cabeça, como se seu olhar fosse capaz de admitir seus verdadeiros sentimentos.
Respirou fundo e aproximou seu rosto do de Kise, quase encostando seu nariz no dele. Fitava-o friamente. Olhos de lobo.
– Você sabe que sim, você viu, não só viu como saboreou o meu jogo, não? - Kise abaixou a cabeça e assentiu.
– Eu vi, Aomine - Abalou-se ao notar que ele não usara -cchi no final - Só que... Não é desse tipo de lugar que estou falando, você sabe... - Levantara a cabeça e com uma lágrima escorrendo pela sua face, deixara-se levar:
– Nós sentimos sua falta, Aominecchi! O Kuroko, ele está sempre preocupado com você! Por que você não deixa seu orgulho de lado e volta para o que realmente importa? Todos nós sabemos que você é um bom jogador! Juntos, nos tornaremos melhores e então, você poderá enfrentar o seu grande rival!
Aomine gargalhou.
– Nunca ouvi tanta besteira - Recebera, de imediato, um tapa. Surpreendeu-se com aquilo. Aquele era... Realmente o Kise?
– Você pode falar comigo do jeito que quiser, eu não ligo. Mas, não admito que chame o sentimento que o Kurokocchi nutre por você de besteira! Cadê a pessoa que eu sempre admirei?! Aonde ela foi, Aomine?!
– S-sinto muito - Sentira a água tocar sua face. Uma atrás da outra. Saíam, em silêncio, como se há muito tempo estivessem ali, só esperando o momento adequado para se revelarem.
E era aquele.
Era daquele tipo de puxão de orelha que ele precisava.
Aomine Daiki precisava de seus amigos, ele sempre soube, sem conseguir admitir.
Mais do que ganhar, ele precisava deles.
– Eu sinto muito! - Esbravejou, sendo acolhido pelos braços de Kise num abraço aconchegante, reconfortante. Um abraço que dizia bem-vindo, novamente, verdadeiro Aomine, acompanhado de palavras que confessavam que ele nunca esteve sozinho durante esse tempo.
Seus amigos sempre acreditaram que ele voltaria.
Foram capazes de confiar na sua amizade, mesmo com todas as burradas que ele cometera.
Afogou seu rosto no peitoral de Kise e deixou toda a mágoa ir embora.
Aquele momento seria só deles.
E o "bem-vindo", Kise tinha certeza, ele ouviria de todos.
Aomine Daiki, da geração dos milagres, número 6, estava de volta e teria novas recordações ao lado de seus eternos amigos.
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